Blog criado com o objetivo de dispor de informações, avanços e curiosidades acerca do trabalho em medidas socioeducativas em meio aberto.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Contribuição Profissional: Psicólogo Emerson Marques.

Dando continuidade ao espaço de contribuição de profissionais para o Blog, temos o Psicólogo Emerson Marques, que de forma conjunta com vosso Blogueiro traçou dicas de um cronograma que pode ser usado como subsidio aos atendimentos com o adolescente inserido em medida socioeducativa:

1° Etapa – Diagnóstico

•Elaboração do Plano de atendimento;
•Entrevista com os pais;
•Entrevista com o adolescente;
•Visita Domiciliar;
•Visita Escolar;

2° Etapa – Objetivos

•Possibilidades com o adolescente (Reeducar, reintegrar socialmente, restaurar vínculos familiares);
•Garantia de direitos básicos (acesso à escola; inserção em atividades educacionais);
•Foco na família (modelo sistêmico de estudo de caso) ou no adolescente (processo de responsabilização e tomada de consciência);

3° Etapa – Estratégia de Acompanhamento

•Métodos (como será operacionalizada a estratégia, ou seja, as entrevistas, visitas, como serão feitas as avaliações e por quais profissionais, os instrumentais utilizados – como PIA, ficha de procedimentos técnicos ou de estratégias – instrumentos de avaliação.
•Técnicas (avaliação da situação social; pedagógica; psicológica; técnicas específicas no acompanhamento, como psicodramatização;

4° Etapa – Recursos

•Lúdicos (jogos; músicas; textos);
•Oficinas (atividades que desenvolvam habilidades e aptidões);
•Comunitários (parceria, com visitas a entidades ou espaços comunitários);
•Avaliativos (Inventários, questionários);

5° Etapa – Cronograma

•Leva em conta o processo anterior (diagnóstico);
•Possibilita continuidade no processo;
•Ordem de prioridades e queixas;
•Avaliar e acordar com adolescente, se precisa ser semanal ou quinzenal;

6° Etapa – Avaliação

•Folha de avaliação da Medida;
•Instrumental que avalie a primeira semana de Medida e depois da extinção;
•Fechamento do PIA;

O atendimento individual, através do cronograma de atividades sugeridas no diagnóstico, pode ser dividido em duas partes: entrevista temática ou aberta e atividade prática. Desta forma, é possível seguir um tempo predeterminado de atendimento, discutir questões emergentes que o individuo tenha verbalizado no início do atendimento e, ainda assim, continuar trabalhando as dificuldades, conflitos e necessidades levantadas no processo diagnóstico. Assim, acredita-se que ao longo do acompanhamento se evita foco somente em questões emergenciais, que podem fazer deixar de lado as demandas recorrentes na vida do adolescente/jovem, frutos de negligencias do Estado, familiares e comunitárias, como a defasagem e evasão escolar, conflitos familiares, dentre outros. Pode acontecer do individuo focar em atendimentos somente a violência cotidiana que vivencia, mas esta pode estar diretamente ligada com frustrações por demais sistemas (escola, família, participação na comunidade, ciclo de amizades) não terem sido funcionais em sua vida, ou seja, conscientizando e possibilitando reflexão sobre os sistemas, pode acontecer de ajudar o adolescente/jovem a “ressignificar” o olhar que tem sobre a violência estrutural a que está diretamente ligado.


ESCOLA

•Defasagem
•Escala de evasão escolar
•Necessidade de profissionalização
•Sugestões de acompanhamento escolar (se orientação escolar; foco nas notas e faltas; inserção em escola; mudança de instituição escolar)
•Sugestões de acompanhamento da defasagem e evasão, quando for o caso (se com textos; através de músicas; reflexões quanto à importância e necessidade dos estudos)


SAÚDE

•Uso de drogas;
•Sexualidade (DST/AIDS) – Podem ser lidos junto com o adolescente os materiais de prevenção e tratamento, como uso de camisinhas; doenças sexualmente transmissíveis; locais para tratamento e exames;


MERCADO DE TRABALHO

•Importância do trabalho na família;
•Como se comportar em entrevista de emprego;
•Oficina de currículo;
•Profissões (pode ser abordado através de um guia de profissões);
•Dificuldades de inserção no mercado de trabalho, enfocando a importância da escolarização e profissionalização;


VIOLÊNCIA COTIDIANA

•Avaliar o grau de envolvimento e qual o interesse do adolescente/jovem quanto ao rompimento do ciclo de violência, mesmo que a resposta seja latente, não dita. Assim, podem-se trabalhar as escolhas, as possibilidades e o papel enquanto agentes na produção social da violência cotidiana;
•Envolvimento com o tráfico (e se este é visto como “trabalho”, como meio social de amizades ou por sentir como espaço de acolhimento, por exemplo);


ENFRENTAMENTO / RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

•Verificar como responde às frustrações e como lida com as mesmas, se de forma agressiva, passiva ou assertiva;


SITUAÇÃO FAMILIAR

•Conflitos de diálogo e de compreensão na relação intrafamiliar;
•Família “acolhedora” versus família “abandonadora”;
•Miséria e falta de recursos na casa, que podem ser motivos de revoltas e desânimo para o adolescente/jovem;


AVALIAÇÃO

•Quais os entendimentos que obteve sobre o processo sócioeducativo;
•Como avalia sua participação no projeto e quais as sugestões para acompanhamento de outros adolescentes e jovens;
•Como a família avalia o desempenho e as mudanças do adolescente ou jovem no cumprimento da medida;
•Avaliação pode ser pautada em instrumental, como folha de avaliação da medida sócioeducativa, mas também são interessantes as entrevistas verbais, não somente quando já extinta a medida, mas no período de aguardo entre o envio do relatório de encerramento do caso e a chegada do oficio de extinção.


MANUTENÇÃO DE COMPORTAMENTO

•Caso adolescente aceite participar da Pós-Medida, ou continue freqüentando esporadicamente o núcleo, realizar entrevistas que mensurem os dados das avaliações, do processo sócioeducativo no período de cumprimento da medida e os comportamentos apresentados nos atendimentos de manutenção, para que possam ser realizadas prevenções, novas sensibilizações e construções de novos projetos de vida com o adolescente/jovem.


Sugestões de instrumentos para serem utilizados em atendimentos individuais (desenvolver objetivos gerais e específicos de cada um):

1.Jogo de Damas;
2.Oficina “Quadros”;
3.Curtograma;
4.Envelopes com “Situações-problema”;
5.Inventário de Depressão de Beck;
6.Inventário Sobre Stress Beck (ISS);
7.Vídeo “Quem mexeu no meu queijo”;
8.Vídeo “Vida Maria”;
9.Texto “Portas”;
10.Concordo / Discordo;
11.Oficina com ECA (Separa artigos e discute como efetivar os direitos);
12.Música “Classe Média”;
13.Texto “Só de Sacanagem”;
14.Músicas a serem sugeridas pelos próprios adolescentes e jovens;
15.Oficina de currículo (construir instrumental que levante as habilidades; aptidões; interesses; o que considera ser um “currículo”, etc.);
16.Jornal amarelinho, com vistas à vagas de emprego;
17.Visita em alguma entidade assistencial, como asilo; creche; CAPS; de pessoas com deficiência, dentre outros;
18.Lojinha da maternidade/paternidade (principalmente se há gravidez ou distorção quanto à necessidade de prevenção, como não valorizar o uso de camisinhas);
19.Jogo “Cassino da Vida”;
20.Guia de profissões;
21.Folders sobre prevenção à gravidez e DST;
22.“Livro da Vida”;
23.Oficina de Violão (Participa junto);
24.Oficina de Pintura em tela (Participa junto);
25. Família que tenho e que gostaria de ter;

Cabe apontar que Emerson Marques é Psicólogo Clínico e arte-terapeuta, Especializando em Saúde Mental e Dependência Química.
E-mail: emerson.psico@gmail.com
O mesmo se dispôs a responder os e-mails que lhe forem enviados com duvidas.
Agradecemos desde já pela sua contribuição para o nosso blog.
Aguardaremos os seus próximos textos.

Nenhum comentário: